Friday, April 17, 2009

Digital parcial.

Já faz falta a sinceridade autocrítica, daquelas de desdenhar da inteligência, da atitude, por mera falta desta. Acorda, come e dorme, como um gato. Um homem-farrapo. Um homem-gato. Nada mais daquelas reflexões pertinentes a qualquer filho do capitalismo, nada mais de bebedeiras criativas, nada mais de nada do que era. Mesmo que sempre foi de eras, ora isso, ora aquilo, agora nem ora mais. Hoje é só um resquício, um traço, uma linha em branco, um cursor piscando, um pedaço de mal caminho mal aproveitado, que mal se aproveita. Aproveita-se das outras. Isso resta, pelo menos isso, uma facilidade de ser um parasita, de não ser o que querem que seja, facilidade de ser o que quer que seja. Nem boêmio é mais, longe do tradicional e romântico boêmio, não é mais o boêmio de antes, não tem mais a leveza do cruzar de pernas ao caminhar, já foi! Perdeu-se! Pseudou-se dentro da própria pseudagem que é. Uma pura metalinguagem do que é.

Mas ainda há esperança, ainda há desconectividade suficiente lá no fundo, no fundo da noite, quando se sente bem, como se sente bem; só!

Wednesday, January 14, 2009

Dos prazeres de se fazer mal...

Incosciente e imperceptível, quando se torna intragável...

Quando começa manso, de leve e atravessa um coração, pulmão, fígado, baço ou vesícula...


A crueldade é uma arte sacia os sentidos, uma religião que te faz perseverar no que sabe não ser plausível, saudável, uma necessidade quase fisiológica... tão fina e precisa quanto um corte de bisturí.


Tão avassaladora, tão discreta e tão primordial quanto a fome. Sim, porque alimenta. Não se sabe ao certo o que ainda, mas alimenta. Talvez a alma tortuosa, talvez a mente distorcida ou alguma ligação química estranha ou, ainda, ausência desta...... Porém inegável é o prazer, mesmo quando beira o findamento, quando beira as lágrimas, quando beira o fim do prazer.


Saturday, May 05, 2007

For a Ace of Spades.





















Áudio: Ace of Spades - Motörhead.

My Queen of hearts

























Áudio: Wouldn´t It Be Nice - The Beach Boys.

Monday, January 01, 2007

Ourobouros

(Abre aspas)

A cada dose dupla desacompanhada mais o lugar todo parecia melhor. Mais aprazível, mais como a vida deveria ser.
Mais como nada é e como tudo deveria ser. Mais colorido, mais sonoro, talvez multi-sonoro, talvez poliédrico. Mais suprasensorial, mais extracorpóreo.
A cada gole as necessidades básicas, fisiológicas, se resumem a beber e a viver, cada gole unicolorido apresenta ao cérebro novas sensações unicelulares de cada neurônio a beira da morte.
A cada gole uma nova face cai, uma nova persona se cria e cai por terra, carcomida pelo verme da consciência. Derretida na própria essência de um ser pluricelular, plurivalente e pluridestrutivo.
A cada gole uma Jaqueline nasce e morre!
(Fecha aspas)


Áudio: The Newest One - Black Train Jack.

Segundário

(Abre aspas)

Um segundo de contemplação me leva ao êxtase.

Dois segundos de contemplação me levam ao tédio.

Em um segundo te peço um beijo no seguinte você me nega.

No próximo fico obtuso, no outro você me leva

a saber que cada um tem seu minuto,

a saber que em um segundo

você se entrega.

(Fecha aspas)


Áudio: And then you kissed me II - The Cardigans

Tuesday, November 21, 2006

A vida na sala de espera.

(Abre aspas)

Qual a grande bobagem
que aguarda a pessoa nessa passagem?
Uma vida que se esmera
em ficar parado, em espera
Aguardando na ante-sala
pelo chamado que tornará sua existência em algo que a valha
A eterna espera pela melhora
da mãe, da mão, do pé, do irmão
Poderia ser agora
mas não!
Da aprazível espera pelo e-mail
em resposta desejando um beijo, um grande beijo
Do desprezível aguardo
da resposta que atesta o retardo
Na sala de espera da vida
o tempo para, rasteja com joelhos curtos
Te deixam sozinho sem nenhuma revista
só com paredes, poltronas, criados mudos
Quando se tem a dimensão desse vórtex temporal
percebe-se que o presente é mais que imediato
e o longo passado é passado, de fato
Na espera tudo parece um encontro normal
mas ficar à espera é um coice
até o momento que se encontra uma dama
vestida de preto, empunhando uma foice.

(Fecha aspas)


Áudio: Move Bitch - Ludacris feat. Mystical

Friday, November 17, 2006

Vazio.

É uma das únicas coisas que, tenho certeza, carrego desde o começo dos meus dias. A melancolia chorosa pela ausência de uma bicicleta converteu em comentário determinista, fatídico, que corrompeu a esperança de uma existência... comum, e marcou com a cicatriz mais profunda que insiste em não se fechar.

Pode ser fácil saber quando se está feliz. Sentir-se cheio de uma coisa boa que te força, até quando se tenta disfarçar, a contornar as orelhas com os cantos da boca. Estranhamente, exatamente o oposto é difícil de, se quer, pensar em como é.
Pois bem, o que é sustentado agora mesmo, que é maior que o próprio peito é exatamente o oposto das situações normais. Felicidade, completa, irrestrita, que extrapola o vocabulário e chega a sair pelos olhos, é desconhecida. Sempre existem os momentos, geralmente entre amigos, os mais próximos ou os que mais se tem consideração.

Não é sede, não é fome, não é nada fisiológico, apesar de destruir e consumir a fisiologia. Uma coisa que é, sim, é denso. Mais denso que o que pode ser considerado mais denso. Quase um buraco negro que suga a luz, estrelas, corpos celestes, paixões, ânimo, curiosidade, criatividade. Tão denso que suga o intangível, tão denso que suga o impossível, tão denso que deixa impassível.

Extrai toda a vontade pela operação do siso, opera a extração do sorriso. Contabiliza um puta prejuízo e não encontra uma forma de resolver tudo isso. Começa a rimar para tentar melhorar o que já começou errado, pois expor é parecer fraco. E ser fraco dói um bocado.

Dói começar a perceber que a auto-crítica vai muito mais alto que os limites que chegam a ser críticos. Talvez seja essa única vontade; criticar. Tirar de toda a essência um ponto fraco e se deixar submeter-se a si mesmo. Mais estranho do que isso só a contrariedade.

É bom saber que dói, porque quando se dói é um alerta para saber que ainda está vivo. E que por mais que se esconda atrás da opressão, ainda assim é bom saber que está vivo, por carregar a esperança de achar o cadeado adequado para fechar o buraco.


(Desabafo de uma falta de sentido)

Tuesday, November 07, 2006

A razão que quem te conhece tem sobre a sua razão sentimental.

Tinha ouvido um comentário, não dei muita bola . Tinha outras coisas em mente.

Depois de uma longa caminhada por causa de poucos cigarros, mesmo sem saber, tive certeza que a razão de quem eu muito gosto tem razão sobre mim, que minha razão desconhecia.

(Abre aspas)

Pano velho
Tecido antigo
Cara nova de um
Rosto desconhecido

Falha no tempo
Que falha comigo
Ao falar no tempo
Que não vemos seu amigo

Faltou tempo
Para dizer o que penso
Sobre o que acha
Uma pessoa, a mim, muito grata

Plantar a curiosidade
Deixar a interrogação
Talvez outra oportunidade
Para ajudar a posicionar as mãos

Horas depois
Acordo lembrando do que foi
Já não sabendo o que será
Sem saber se vai voltar


(Fecha aspas)


Áudio: I need some fine wine and you, you need to be nicer - Cardigans.